quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Auto-estima

Muitas pessoas estão doentes, socialmente doentes. E essa doença, por mais contraditória que possa parecer, não tem nada a ver com o outro, apenas com o eu. São pessoas necessitadas de amor próprio, vulnerabilizadas por suas instáveis emoções, reféns de si mesmos.

Exaltam a era do culto a si mesmo, e abusam de roupas de marca, “amigos” do Orkut, celulares ou qualquer outro símbolo social que granjeie bajulações vendendo a imagem de que eles têm algo que não são.

Mas a solidão sempre os encontra e ela é cega para status, mas especialista em avaliar a alma e determinar com exatidão o valor que cada um tem. Neste momento, nus diante da verdade essas vítimas do eu têm sua carência revelada.

Sabem no fundo que estão equivocados em sua maneira de viver, em tentativas desesperadas confundem auto-estima com egoísmo e buscando a satisfação da carência, fecham as portas para o que poderia enfim os ajudar, um relacionamento virtuoso.

sábado, 25 de julho de 2009

Algumas verdades

Por mais bondosos que sejamos ou desejaríamos parecer, atrás de toda ação existe uma intenção. Intenções são suscitadas consciente ou inconscientemente por repentinos pensamentos. Pensamentos não têm donos ou autores, são produtos do que sentimos diante do que através de nossos sentidos percebemos. Não existem pessoas boas e más, existem pessoas arrependidas e não arrependidas porque todas, independentes de suas ações ou intenções, são más.

Por mais maldosos que sejamos ou desejaríamos parecer, frente a toda ação existe uma possibilidade de perdão. O perdão pode ser deliberadamente aceito ou não. Se aceito, é um crédito de valor imensurável que sempre cobre o débito e ainda sobra troco. Não existe pecado que tire alguém do céu, o que tira alguém do céu é a falta de perdão.

Por mais importante que sejamos ou desejaríamos ser, ao nosso lado, nesse mundo, sempre existe alguém que poderia nos substituir. Se podemos ser substituídos entendemos que não somos os mais importantes. Se não somos nós os mais importantes, Alguém deve ser. O inimigo nos confunde a todo tempo nos levando a entender que é algo sobre nós, mas é tudo sobre Deus. A obra é dEle, a luta é dEle.

Não se trata do que você faz, do que você deixa de fazer ou mesmo daquilo que você é. É tudo uma questão do que Jesus é e de tudo o que Ele já fez por você.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Saudade

Escrevo de um país chamado Saudade, numa outra dimensão, talvez um universo paralelo. Aqui o presente real é consumido para que eu possa viver na memória o passado.

Fico deslumbrado ao caminhar pelas ruas: Cinemas apoteóticos expõem em grandes telas os melhores momentos de minha vida; Nos teatros são exibidas recordações que de outra forma não poderiam ser tão vividamente retratadas; Competentes narradores declamam as gloriosas epopéias que um dia eu vivi; E até as mais simples lojinhas revelam fotografias de toques, sorrisos e olhares. Por todo ambiente posso ouvir a doce sinfonia pautada no ritmo do meu coração.

Neste país sou um agente da voz passiva, tudo o que me é permitido fazer é observar. Num surto de desespero, eu tento romper a ilusão, por querer agir, por ambicionar sentir e não somente assistir. Tento estilhaçar o que me divide entre o ver e o viver, é esse maldito vidro, a tal da realidade. Sou expulso de lá, mas por vezes me pego trocando o presente por uma rápida viagem a esse longínquo país.

Só quando volto entendo que sinto saudade de uma representação, do que não existe mais, os personagens, hoje encenam outras histórias, e os lugares, já não são mais os mesmos. Dessa premissa deduzo a mais incontestável realidade: saudade dói.

sábado, 30 de maio de 2009

Você é crente?

Essa pergunta repetida algumas vezes nos últimos dias me fez pensar. O que é ser crente?? Embora sejamos todos crentes por crermos em algo, quase que por uma convenção catalogamos os religiosos como crentes. Eu entendia o sentido da pergunta, mas não podia simplesmente me identificar nessa concepção atual de “crente”.

Eu gostaria de mudar a compreensão do crente taxado, mas sei que em meu meio muitos tiveram a atração à espiritualidade destruída logo na infância pela cultura dominante que prega a relatividade moral e o culto a futilidade. Vejo crianças que só pensam em super-heróis, armas, explosões, desprezíveis slogans, músicas e marcas.

Sei que na escola se desenvolve um raciocínio carente (pra não dizer falso) que oferece a segura conformidade de ver outros iguais em troca da liberdade e coragem pra pensar diferente. Aliás, esse sistema gravita mais em torno da verbalização do que do raciocínio porque tudo não passa de um exercício de se repetição de informações previamente estabelecidas.

Como se não bastasse a conformidade da repetição que inibe o modo de se repensar as coisas, o que dizer da banalização e da distorção da religião que me faz ter receio em dizer que sou crente pelo sentido pejorativo agregado por cínicas instituições religiosas que fazem da salvação produto de mercado ou ações na bolsa que trarão lucro a curto prazo?! Também não posso ser um moralista conservador que cultua sua perfeita imagem e cedo ou tarde se encontra na mais pura hipocrisia.

Porque o abismo entre os extremos é tão grande e qual a relação entre o equilíbrio religioso e a relatividade moral? Por que tantos constroem celeiros na euforia do evangelho da prosperidade, tantos são desmotivados acreditando em fantasmas do passado, tantos são derrotados pelo desejo extremo de ser correto e tão poucos não se deixam intimidar e se arriscam a viver um Jesus próximo?

Por que tão poucos enxergam o cristianismo não só como um conjunto de regras ou um sistema de crenças, mas antes de tudo, um caso de amor?!


Inspirado no livro a assinatura de Jesus.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Cheios de vazio

Vejo pessoas caminhando sem razão, sem direção, seguindo o vento. Caminham sem saber para onde querem ir, sem saber onde podem chegar. Caminham porque todos caminham, caminham porque sentem prazer em andar.

Seus olhares enfadados refletem o que se passa fundo de suas almas, sua insignificância. Não se julgam aptos para questionar e não lhes resta tempo, porque tudo o que devem fazer é andar.

Pessoas carentes de razões pela vida. Não controlam as emoções, não desenvolvem ensejos, não possuem crenças. Por não acreditar no que não podem ver, conformam-se com a cegueira perdendo assim de vista até o óbvio.

Envolvidos na decadente cultura tornam-se céticos, narcisistas, hedonistas, consumistas. Vítimas do próprio conforto, eles não podem parar de andar porque o mundo capitalista precisa girar.

Realidade cruel essa, onde as vidas são cheias de vazio. Onde a maldição do homem não é morte, mas a própria vida. Vida sem sentido, vida morta.

sábado, 11 de abril de 2009

Páscoa.

Pelo pecado uma vez escravizado, andava errante o homem pelo mundo. Associava-se a prazeres voluptuosos e perdia sutilmente, na cega servidão, a identidade do reino para o qual fora separado. Ofuscava com a distância, a realidade de um Deus e cogitava em seu coração a descrença nutrida pelo sofrimento. Honrado, praticava a injustiça; Santo, profanava o sacro; Honesto,

................................cultuava a mentira; Curado, feria a rocha.

Pelo amor uma vez encarnado, andava em retidão o homem-Deus pelo mundo. Associava-se a pecadores e resgatava neles vividamente a identidade perdida. Brilhava como uma luz nunca antes tão próxima e acendia nos corações uma crédula chama nutrida de esperança. Desonrado, era a Justiça; Profanado, era o Santo; Rotulado mentiroso, era a Verdade; E ferido foi, pois era a Rocha.

Não há história mais bela do que a tragédia do calvário. Nenhuma toca meu coração com tanta alegria, nunca uma aliança foi tão comprometida. Com o poder do amor, o homem-Deus desfraldou da cruz a bandeira da salvação, e entregando-nos Sua vida restou-Lhe nossa morte. Mas sobre Ele o aguilhão da morte não triunfou, o Deus-homem venceu o sepulcro, concretizando a libertação de todo o cativo que carrega seu lábaro ensangüentado.

Da metáfora da escravidão à realidade da ressurreição, a páscoa significa esperança. Esperança de que apoteoticamente, o Deus-homem, montado em Seu cavalo branco venha vencendo e pra vencer, consumar o direito na cruz garantido, esmagar a cabeça da serpente e libertar, enfim e definitivamente, o homem errante que foi pelo pecado uma vez escravizado.

domingo, 29 de março de 2009

Por que eu gosto das perguntas mais inconvenientes?

Quando as pessoas perguntam se está tudo bem, você não pensa numa resposta, você simplesmente responde: tudo. Para perguntas mais comuns existem respostas previamente preparadas. Para as perguntas mais insólitas, no entanto, há reflexão, o que gera respostas mais sinceras.


O mundo é superficial demais, romper esse superficialismo é um ato de coragem, é sempre arriscado ser intimidador. Mas perguntas intimidadoras demonstram um desejo de conhecimento, um interesse. Só as fazemos pra quem sentimos que realmente vale à pena, porque convém manter um relacionamento superficial com pessoas indiferentes.

A construção de uma pergunta evidencia a forma como o interlocutor compreende o mundo. Toda pergunta implica numa resposta, seja essa dita ou não. Perguntas comprometedoras nos fazem pensar e suas respostas revelam até a nós mesmos quem realmente somos.

Uma linha tênue divisa meu interesse do bom senso. Muitas vezes, abrigo perguntas inconvenientes esperando o dia em que talvez possam ser feitas. Esporadicamente uma ou outra escapa e como resultado, vezes colho uma semente de amizade, vezes perco um colega para a superficialidade.

As perguntas mais inconvenientes me seduzem por serem penetrantes, por conduzirem às respostas significativas, por exporem motivos ocultos e me capacitarem a enfrentar maiores verdades.

Toda pergunta é um ponto de partida. Uma boa pergunta pode ser o início de uma aventura.

domingo, 15 de março de 2009

Ensaio sobre o Nada

Nem perca seu tempo lendo isso, porque uma coisa é certa: um ensaio sobre o nada não leva a lugar algum.

Geralmente escrevo sobre o que me faz pensar, mas dessa vez não consegui pensar em nada, tarde demais, pensar em nada já era um pensamento. Definitivamente uma contradição, mas uma ilusória conexão entre meios pensamentos sem começo ou fim.

A vida é cheia de nadas. Ás vezes no ócio nos perdemos entre pensamentos, acabamos não chegando a conclusão nenhuma e conseqüentemente contemplamos por alguns milésimos de segundos a ausência do algo. Mas é interessante que sempre que se pensa no nada algo vem à mente. Penso no vazio da religião, na incompreensível química, no vácuo da física e nos sofismas da filosofia.

Parece que tudo tem um pouco de nada, só o nada que não tem nada de si mesmo e nada de tudo. Há muito a se refletir sobre o nada, poderia escrever mais, mas seja como for esgotei o recurso da falta de idéias e na próxima terei que me esforçar realmente pra escrever sobre algo. Termino como comecei, sem definitivamente nada a dizer.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Estrada

É ao viajar pela estrada, a metáfora da vida, que entre paisagens ora estáticas, ora dinâmicas, repensamos nosso ser. A mesma distância que nos separa de uns, nos aproxima de outros. E é neste intervalo entre a partida e a chegada que estamos sozinhos. Sozinhos para analisar nossas prioridades e ponderar
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .nossas voláteis emoções.

As pessoas podem nos motivar, nos ajudar e nos ensinar, mas só na intimidade do nosso eu podemos empreender a jornada de decisões. Estudamos nosso comportamento diante de algumas situações, acatamos conselhos cordiais e consideramos o que pode fazer de nós pessoas melhores. Em breves momentos, onde a viagem psíquica ultrapassa as barreiras físicas do mundo pelo qual nos deslocamos, elaboramos todo um plano, pode ser que nada dê certo, mas na vida é preciso arriscar, porque deixar de arriscar é o maior risco.

O que se passou é conhecido, são lembranças, são promessas. No agora, contemplamos a paisagem dos sonhos. E no horizonte se esboçam os anseios de um amanhã desconhecido.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Voltei...

Queridos leitores, após o período de férias, retomo as atividades neste Blog. Gostaria de agradecer nominalmente aos principais colaboradores, incentivadores e divulgadores dessa iniciativa: À Evelyn, que com sua sinceridade e admirável inteligência serve de termômetro à qualidade do mesmo; Ao Jean, meu grande amigo que viabilizou segurança e estabilidade para o desenvolvimento; À Laís, que sempre comenta e cobra novos textos; Ao Diógenes, que inspira a necessidade do mesmo e serve de exemplo motivador; e à Mariel que conquistou leitores onde eu nem sabia.

Gostaria de informar ainda que além dos costumeiros pequenos ensaios, trabalharei mais com relatos (como o dos moradores de rua) e opiniões (sensacionalismo). Conto com as colaborações de todos e o meu Muito Obrigado!