sábado, 11 de abril de 2009

Páscoa.

Pelo pecado uma vez escravizado, andava errante o homem pelo mundo. Associava-se a prazeres voluptuosos e perdia sutilmente, na cega servidão, a identidade do reino para o qual fora separado. Ofuscava com a distância, a realidade de um Deus e cogitava em seu coração a descrença nutrida pelo sofrimento. Honrado, praticava a injustiça; Santo, profanava o sacro; Honesto,

................................cultuava a mentira; Curado, feria a rocha.

Pelo amor uma vez encarnado, andava em retidão o homem-Deus pelo mundo. Associava-se a pecadores e resgatava neles vividamente a identidade perdida. Brilhava como uma luz nunca antes tão próxima e acendia nos corações uma crédula chama nutrida de esperança. Desonrado, era a Justiça; Profanado, era o Santo; Rotulado mentiroso, era a Verdade; E ferido foi, pois era a Rocha.

Não há história mais bela do que a tragédia do calvário. Nenhuma toca meu coração com tanta alegria, nunca uma aliança foi tão comprometida. Com o poder do amor, o homem-Deus desfraldou da cruz a bandeira da salvação, e entregando-nos Sua vida restou-Lhe nossa morte. Mas sobre Ele o aguilhão da morte não triunfou, o Deus-homem venceu o sepulcro, concretizando a libertação de todo o cativo que carrega seu lábaro ensangüentado.

Da metáfora da escravidão à realidade da ressurreição, a páscoa significa esperança. Esperança de que apoteoticamente, o Deus-homem, montado em Seu cavalo branco venha vencendo e pra vencer, consumar o direito na cruz garantido, esmagar a cabeça da serpente e libertar, enfim e definitivamente, o homem errante que foi pelo pecado uma vez escravizado.