quinta-feira, 31 de julho de 2008

A obra da vida

Algumas sugestões apontaram alguma dificuldade no vocabulário e na interpretação dos textos, escrevo primeiro de maneira “inevitável” e logo em seguida de uma forma mais simples:

A vida é escura, cheia de contrastes mais sem brilho. É abissal a presença de saturações, mas limitado o espectro de matizes. Numa tonalidade cinzenta ela se apresenta crua, cabe ao ser humano colori-la de emoção. A visão é subjetiva, a interpretação concebe a idéia e estabelece o significado.

Os pincéis da alegria são molhados na imaginação e é a fantasia do real, não de forma alienada, mas de forma complementar, que dá o acabamento na obra da vida. É a idealização do concreto numa configuração abstrata que nos remete emoção ás lembranças. E é o uso de figuras representativas que acrescenta valor ao comum e faz especial o tradicional.

Toda beleza é vã no individualismo, o poder do repartir nossas experiências e cores que faz da vida mais que um projeto, uma obra de arte.

Em outras palavras...

A vida é cheia de desigualdades (sociais, culturais, financeiras...), mas em todas elas sem brilho (dinheiro, posição, bens, não trazem felicidade). Marca grande presença o excesso (o tedioso, o problema), mas é limitada quantidade de peculiaridades (de diferenças, de soluções) que cada um trás consigo. A vida como chega a nós não é atrativa, mas temos a capacidade de colori-la e fazê-la especial. O que vemos não é tão importante quanto o que pensamos do que vemos.

A alegria depende da imaginação, e é a fantasia, não de forma louca, mas de forma natural e não condicionada a frivolidade da sociedade que dá o acabamento na vida. É a idéia do real (que já aconteceu) que faz ao lembrarmos (do acontecimento) emocionarmo-nos novamente. É o fato de figurarmos as coisas (ironias, brincadeiras, trocadilhos) que acrescenta valor ao dia-a-dia e faz do comum especial.

É inútil ter uma vida, sem pessoas com quem podemos reparti - lá, e nossa capacidade de compartilhar experiências e emoções uns com os outros que faz da vida mais do que um empreendimento uma grande aventura.


sábado, 26 de julho de 2008

Correr

Perdoem-me os leitores pelo desleixo nos últimos dias... Férias!!!! Voltarei a escrever regularmente. Conto com os comentários... Obrigado!!! Um textinho meio fraco pra recomçar...

Correr: os pés tocam o chão, de forma harmoniosa o atrito do velho tênis sobre o asfalto gera o movimento. A velocidade, o peito ofegante, a liberdade. O vento contra o rosto, entrando pelas narinas, o cheiro da relva. A paisagem, os olhos atentos, a admiração. O sol, que brilha sobre o campo e com seus raios atravessa os galhos e as folhas de cada árvore, aos pouco vai se esvanecendo no horizonte. Uma trégua, no primeiro momento as mãos se lançam os joelhos, mas logo depois se olha ao redor, a terra, o vento, o sol. O tempo pára, e na intermitência de uma respiração sente-se a eternidade. Adoração, silêncio, reverência. Poderia ficar lá por horas, mas não seria a mesma coisa, tudo tem seu tempo e os momentos que nos dão vislumbres da eternidade exigem de nós em troca os pés no chão. A estrada perde-se nos pés, a brisa, a lua, no horizonte perde-se uma silhueta, é só um jovem correndo.