quarta-feira, 28 de maio de 2008

No barco da política e da religião

Há um barco, todos remam com vigor e ele vai tomando cada vez mais velocidade, porém, ninguém tem idéia da direção. Um furo no porão, por onde a água entra lentamente, anuncia: haverá naufrágio. Na cabine de comando ninguém parece se preocupar, todos fazem belos discursos prometendo aumento de salário para os operários, pintura colorida das paredes e até elevadores ligando a primeira classe ao porão, tudo isso enquanto distribuem saquinhos de pipoca. Parecem ter soluções fúteis para todos os problemas secundários. E a tripulação se alegra com as promessas e entra em clima de festa.

Cidadãos iludidos com salários e elevadores se esquecem do problema no porão.

Cristãos deslumbrados pela pintura das paredes e o gosto da pipoca se esquecem que seu destino não é no mar.

Uma coisa é certa, se não fizermos nada, em ambas as situações, afundaremos com o navio.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Pra cada 2 perguntas, 1 afirmação

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Duas da manhã, sem dormir. Primeiro poema, lamento ser nesse estado de espírito. Não posso conter, é inevitável.
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O que a gente faz quando a dor do peito é mais forte que a razão?
Quando a mente que estava centrada é consumida pelo coração?
Por fora, tudo como sempre, por dentro arde à explosão.

Raimundo Correia sabia desse mal secreto, por isso falou sobre a cólera que espuma na alma, que destrói as utopias e a tudo devora, por isso cogitou ao espírito sofrido enxergar pela máscara da face. Máscara.

Por que tenho que participar desse baile e usar essa máscara que me é uma aberração?
Porque nessa sociedade quem tem dinheiro e poder é quem segue melhor a representação?
Por fora, todos se enganam, por dentro sabem: é tudo ilusão.


Como anelar por brandura se deste mundo o interior é mal?
Pra que aparentar doçura se todos sabem que são sal?
Para os outros é loucura, mas você sabe, é real.

sábado, 17 de maio de 2008

A magia de um momento

Aproxima-se a data da celebração de bodas de ouro dos meus avós. Escassas são as comemorações desse tipo, e as poucas que acontecem são muito pobres em originalidade, na maioria das vezes, adaptando-se idéias de casamento. Logo, se vê a grande necessidade de algum material ser produzido. Nesse intuito, me dedicarei a criar alguns textos que acompanhados de arte gráfica enriquecerão o dia esperado. Peço a opinião dos leitores principalmente quanto à prolixidade (confusão) e a concisão do texto:

O olhar de um casal apaixonado na manhã que sucede a noite do casamento;
O primeiro toque nas mãos de um filho recém nascido em um quarto de hospital;
A vigésima vez que um neto pede para ouvir a mesma história;

Momentos.
Pequenas porções de tempo que emaranhadas de grande emoção penetram em nossa memória. A vida não se resume ao tempo de existência, mas a duração do sentimento, do sentido, da decisão.

Podem-se pagar fortunas por majestosos momentos:
Assistir uma bateria de fogos aos pés da torre Eiffel, em Paris;
Passar um fim de semana em um sofisticado chalé nas montanhas de frente para o mar;
Se emocionar assistindo a um clássico de Shakespeare;

Mas o mistério de um momento não está na noite em Paris, nem na manhã após o casamento, mas no olhar. O segredo do momento não se esconde em um chalé nas montanhas, nem no quarto de hospital, mas no toque. E a magia de uma vida não se deve a uma peça de Shakespeare, muito menos a uma história que uma avó conta a seu neto. Mas todo o mistério, o segredo e a magia se encontram na vigésima vez. Porque é fácil estar apaixonado na primeira manhã, no primeiro toque, na primeira história. Mas é relumbrante se apaixonar todas as manhãs, tocar com o mesmo carinho as mãos de um bebê que já é homem e contar com o mesmo sentimento pela vigésima vez a história.

(Se possível, leia uma segunda vez, o texto é repleto de conexões subjetivas.)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Pequeno gesto, grande lição

Hoje quando entrei no ônibus, saindo da faculdade, sentei-me logo no primeiro banco vazio que vi. Após me acomodar percebi que ao meu lado estava uma senhora, cabelos crespos já esbranquiçados, pele enrugada, olhos negros, sobre o colo uma sacola e entre os braços uma bolsa. A viagem transcorreu naturalmente, estava lendo e comecei a notar que ela lia algo também, olhei com canto dos olhos e percebi que era algo religioso pelas citações freqüentes aos evangelhos. Voltei a mim e continuei lendo meu livro. Após algum tempo ela começou a mexer em suas coisas indicando que estava pra sair e eu gentilmente tirei minhas pequenas pernas do caminho. Antes de passar ela deu um sorriso, pegou algo em sua bolsa e me entregou, era um folheto. Senti-me envergonhado. Nunca duvidei do poder de um folheto, só que também nunca pensei que um dia ele exerceria um choque tão grande sobre mim. Qual é a minha missão? Onde estavam os meus folhetinhos? Sem dúvida, um pequeno gesto, mas pra mim, uma grande lição.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Nacionalismo, eleições e a greve dos ônibus

  • “Não existe nenhuma "comunidade natural" em torno da qual se possam reunir as pessoas que constituem um determinado agrupamento nacional, ela precisa ser inventada. É necessário criar laços imaginários que permitam "ligar" pessoas ao "sentimento" de terem algo em comum.” (Identidade e Diferença pg.85, adaptado)

  • Deveres de um cidadão brasileiro para com o estado no ano em que completa 18 anos: Alistamento militar e expedição do título de eleitor.

  • Semana passada os ônibus não circularam, greve. Hoje pela manhã, houve no terminal capelinha uma manifestação política em defesa aos direitos médicos e de reajustes de salários dos motoristas de ônibus (foto).

Sendo o nacionalismo uma imposição cultural que permeia nossa mente nos levando a considerá-la erroneamente como inata a nossa identidade (“sou brasileiro!”), seria racional por motivos nacionalistas servir o exercito ou morrer por seu país? Não! Mas e quanto ao voto, seria igualmente um dever cívico tolo? Considerando que pagamos impostos para o bom funcionamento da sociedade nacional, seria mais do que um dever, um direito, escolher sabiamente aqueles que administrarão nossos recursos pensando tanto em nossas necessidades, como nas de nossos filhos, e da nação. Cada cidadão tem suas carências, uns dependem do SUS, outros de educação pública, eu perdi um dia de aula pela greve na SP Trans (Companhia de Ônibus). Infelizmente, não podemos ser todos atendidos, mas se cada um optar pelo seu interesse a maioria será atendida. Os motoristas exigiram seus direitos pela greve, o voto é o meu grito de protesto.

Começa o dilema, a corrida política, não mais expectador, agora ELEITOR!

Opinião desenvolvida como resultado de contribuição intelectual de Jean Luc Mororó Roland;

domingo, 11 de maio de 2008

Mãe não é tudo igual

Dizem que mãe é tudo igual, eu discordo! Minha mãe é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço, desde pequeno saciava meus porquês. Conversávamos horas a fio na cama, antes de eu dormir, e ela me ensinava de maneira simples desde à magia de como nascem os bebês até porque podemos comer lactobacilos vivos. Dava-me pequenas lições de economia, de política e de ética, me estimulava a ser um homem honesto, indicando-me as diretrizes de uma vida retilínea. Desenvolvia em mim a responsabilidade através de criativos programas de pontuação, e assim me instruiu no valor do trabalho.
Mas mais do que somente o pensamento ela me conduziu pelos jardins do sentimento, ás vezes com dificuldade, mas me ensinou a vivê-los e a dominá-los. Quando precisava ser corrigido, ela sempre dizia: Acredite, isso dói mais em mim do que em você, faço porque te amo. E assim me ensinou que o amor não são só rosas, mas também sacrifício por um bem maior. Deu-me o modelo de o que é ter uma opinião, sendo sempre autêntica e não uma “esposa de pastor” segundo o protótipo. Muito mais do que mãe, mais do que professora, e que amiga ela foi e é um exemplo para mim. Parabéns ERLINDA HASSE UREL pelo dia das mães!

sábado, 10 de maio de 2008

O Pensamento Inevitável

Bem, seria lícito nesta primeira postagem conceituar a descrição, o objetivo, e a função subjetiva que compõe o cerne da idéia desse blog.

  • A descrição: O pensamento inevitável é aquele que não posso conter. As idéias fervilham, as palavras se formam, se agrupam e querem pular. A admiração, a indignação. Um grito desesperado de quem tenta carregar a bandeira inimiga em um mundo perdido.
  • O objetivo: Gerar a reflexão dos leitores, suscitar pensamentos, provocar ações.
  • A função subjetiva: Um dos alvos de minha vida é escrever um livro. Espero através dos comentários aos temas, a abordagem e ao modo formar um estilo literário que agrade aos leitores e pela prática alcançar o primor.

As postagens serão ocasionais, mas no mínimo semanais.

Agradeço pela visita, salve em seus favoritos e colabore sempre deixando seus comentários.


Muito Obrigado!
André Hasse Urel