sábado, 30 de maio de 2009

Você é crente?

Essa pergunta repetida algumas vezes nos últimos dias me fez pensar. O que é ser crente?? Embora sejamos todos crentes por crermos em algo, quase que por uma convenção catalogamos os religiosos como crentes. Eu entendia o sentido da pergunta, mas não podia simplesmente me identificar nessa concepção atual de “crente”.

Eu gostaria de mudar a compreensão do crente taxado, mas sei que em meu meio muitos tiveram a atração à espiritualidade destruída logo na infância pela cultura dominante que prega a relatividade moral e o culto a futilidade. Vejo crianças que só pensam em super-heróis, armas, explosões, desprezíveis slogans, músicas e marcas.

Sei que na escola se desenvolve um raciocínio carente (pra não dizer falso) que oferece a segura conformidade de ver outros iguais em troca da liberdade e coragem pra pensar diferente. Aliás, esse sistema gravita mais em torno da verbalização do que do raciocínio porque tudo não passa de um exercício de se repetição de informações previamente estabelecidas.

Como se não bastasse a conformidade da repetição que inibe o modo de se repensar as coisas, o que dizer da banalização e da distorção da religião que me faz ter receio em dizer que sou crente pelo sentido pejorativo agregado por cínicas instituições religiosas que fazem da salvação produto de mercado ou ações na bolsa que trarão lucro a curto prazo?! Também não posso ser um moralista conservador que cultua sua perfeita imagem e cedo ou tarde se encontra na mais pura hipocrisia.

Porque o abismo entre os extremos é tão grande e qual a relação entre o equilíbrio religioso e a relatividade moral? Por que tantos constroem celeiros na euforia do evangelho da prosperidade, tantos são desmotivados acreditando em fantasmas do passado, tantos são derrotados pelo desejo extremo de ser correto e tão poucos não se deixam intimidar e se arriscam a viver um Jesus próximo?

Por que tão poucos enxergam o cristianismo não só como um conjunto de regras ou um sistema de crenças, mas antes de tudo, um caso de amor?!


Inspirado no livro a assinatura de Jesus.

10 comentários:

André Hasse Urel disse...

Bem, esse texto discute mais objetivamente a questão religiosa. Parece que eu brisei um pouco quando misturei a infância e a educação, mas embora não possa parecer a todos muito claro, a mim foi muito pertinente, sei lá...

Patrícia disse...

A religião é falha, pq é humana! Minha crença em Deus certamente ultrapassa o que a Igreja, seja evangélica, católica ou qualquer outra, prega! Deus está tão proximo a mim, tão dentro do meu coração e fico triste de ver essas pessoas e seus balangandãs (se é q se escreve assim),mas digo seus objetos, terços, velas, véus, madeiras, gesso, e sei la mais o que, buscando um Deus que expulsam de si com pequenas palavras e pensamentos secretos!
Eu não sou perfeita,tem hora q Deus deve fechar os olhos com vergonha de mim, mas eu não me iludo! E sigo respeitando as pessoas e me libertando de preconceitos pq eu acredito em Deus!

Adoro seus textos e suas opiniões!

Unknown disse...

Não creio que exista apenas uma resposta a essa questão. No momento, consigo pensar em apenas uma delas: o sentimento implícito nesse tipo de pergunta é o do preconceito velado. Há que se concordar que as pessoas tendem a acreditar em algo. Se não acreditam num "Deus", acreditam numa força, numa energia. Curiosamente, se você diz que acredita em Buda será menos julgado do que se disser que acredita que Jesus é o filho de Deus. Elas podem negar um Deus pessoal, mas admitem como totalmente possível (e até defendem como verdade) que exista uma força cósmica que rege o universo atuando na vida das pessoas(taí o fenômeno "O Segredo" que não me deixa mentir). Como se não fosse necessária fé (muita fé) pra crer em ambas as coisas. No fundo, quando me chamam de "crente", no sentido pejorativo da palavra, estão afirmando que minha crença (a cristã e teocêntrica)é mais absurda que as suas.

Anônimo disse...

Cara, gostei muito do comentário da Michele. Tudo a ver. O "x" da questão a cerca desse tipo de pergunta é sim a discriminação. Mas não me surpreendo. Nem mesmo me sinto ofendido. O próprio Jesus disse que o mundo não nos aceitaria.
"Pois a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." 1Co 1.18
O cristianismo verdadeiro (de acordo com a Palavra de Deus) é loucura e não chama atenção porque prega a cruz. A cruz, em outras palavras, é tanto a manifestação do amor de Deus pelo homem como a manifestação do amor do homem por Deus. Vou explicar...
Quando Deus se fez carne para morrer por nós, fez isso porque sabia que não seríamos capazes de alcançar salvação pelo próprio esforço e ficaria afastado dEle (Porque isso exigia o cumprimento absoluto da lei severa e santa de Deus. Mas o homem é pecador e está sujeito à condenação por quebrar as leis de Deus.). Por isso não importa quão caridosa seja uma pessoa, se ela não aceitar a Cristo, está afastada de Deus e sujeita à condenação dEle [Aqui entra o Inferno - que pertence a Deus - do qual Jesus tanto falou nos evangelhos(leia a Bíblia).]. Mas por quê? - a pergunta que todos fazem.
Porque o homem peca. E a natureza humana desonra a santidade de Deus ao desobedecê-lo. Aí vem o outro lado da moeda. Quem ama a Deus e deseja viver com Ele deve viver para Ele. Quando alguém decide isso, está se sujeitando a uma vida como a de Jesus. Isso é que é tão dificil de compreender. Jesus viveu uma vida que negava a carne, negava a vontade de pecar, mas honrava e glorificava o nome do Senhor. O prazer de Jesus era viver como Deus queria e o prazer de Deus era ver o Filho fazendo Sua vontade.
Assim como Deus abriu mão dos céus, da Sua glória, do seu poder imensurável e morreu por nós porque queria se relacionar conosco. Nós devemos morrer para nós mesmos, para nossa vontade, nossa carne e prazeres egoístas e nos achegarmos a Ele através da cruz.
Querer ir para a cruz aceitando a Jesus como Senhor e Salvador é submeter-se à vontade de Deus para nossas vidas. E o mundo não quer isso. Todas as religiões "alternativas" apoiam o satisfazer-se a si mesmo. Dizem: "Tudo bem você fazer isso ou aquilo, desde que seja caridoso ou bonzinho." Mas o cristianismo aponta para a cruz, dizendo: "Você quer Deus? Tudo bem, Ele está disponível a todos, basta aceitar a Cristo como SENHOR e Salvador - vá para a cruz." (É aqui que o povo chia.)
Para viver para Deus é preciso morrer para si mesmo. Isso libera o Espírito Santo, o Espírito da Graça, que aperfeiçoa o homem e permite que ele viva como Deus quer. Quando isso acontece, não vemos religião, não vivemos regrinhas vazias, nem queremos passar impressão de que somos superiores. Apenas amamos a Deus de todo coração e aos outros como a nós mesmos - esse é o resultado.

Cah* disse...

Nossa André, que texto bonito, acho que ele fala de uma coisa que todo mundo já sentiu um pouco, que é a indignação em ser taxado como crente sabendo que é no sentido pejorativo.

O comentário da Michele e do Igor complementaram. E a conclusão quando fala que o cristianismo é antes de tudo um caso de amor é de arrepiar, sério!

Sem se falar na abordagem da educação e de como ela influência no pensamento fechado para o resto da vida...acho que devia ter um texto só disso.

Gostei muito, você tá de parabéns.
Beijoo!!

Jonatas Zukowski disse...

nao o que dizer, donde vem tantas palavras, meu blog esta em uma pausa temporario, pois estou com escassez de idéias ultimamamente.

Mas quando alguns nao tem o que falar, outros revitalizam o que a vida há de ensinar.

Michele disse...

Atualizar, que é bom, nada... Né??? rs

Diógenes disse...

Cara, já disse o quanto eu gosto quando você fala sobre o Amor á Deus como base para fé? É minha maior lição de vida!
Infelizmente, a minoria sempre é rotulada pela maioria não conhecedora. O que nos resta a fazer, é fazer a diferença, mostrar que nossa vida, não se limita simplesmente á palavra "crente", nossa vida, abrange outras palavras, como fé, amor á Deus e ao próximo, humildade, mansidão, e outras qualidades que só se consegue chegar quem tem intimidade com Cristo.

... disse...

Cadê textos novos, André???
sinto falta deles...

Unknown disse...

André...
Estou surpreso com o resultado, a transformação pertinente da faculdade na sua vida.
"Vejo crianças que só pensam em super-heróis, armas, explosões, desprezíveis slogans, músicas e marcas." Sua mente se tornou tão aberta que até mesmo critica a arte a que foi designado a criar como profissional (Slogans e marcas), parabéns, somente mentes fortes conseguem inclinar-se perante o que faz e dizer, nem sempre o que devo fazer serve no rumo certo (sua profissão neste caso). Você está no caminho certo... Me orgulho de ser seu amigo.